tag:blogger.com,1999:blog-30982709661048856072024-02-08T05:24:32.293-08:00Por um fio de escritaCláudia Cardosohttp://www.blogger.com/profile/07550764046327125650noreply@blogger.comBlogger2125tag:blogger.com,1999:blog-3098270966104885607.post-26765694019711274842015-02-13T03:42:00.003-08:002015-02-13T03:42:36.511-08:00A culpa do riso<div class="MsoNormal" style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-bidi-font-family: Arial;">Porque a
realidade é um triste luto faça-se Carnaval. Começam hoje os preparativos para
o acontecimento maior da cultura lúdica. Os açorianos gostam de o festejar, e
fazem-no, como em tudo, com marcadas diferenças. Profundamente assimétricas, na
certeza de que esta diversidade nos enriquece e dá tónus cultural. Que vão da
batalha das limas às danças e bailinhos da ilha Terceira, passando pelos
afamados bailes da Graciosa. Há em tudo isto uma funda esperança. O Carnaval
tem esta suprema função, de interromper a vida, de suster as preocupações, e de,
por três dias, a que se somam dois de preparativos, erguer a taça da alegria. O
próprio acto de se mascarar revela a necessidade desta interrupção, de se fazer
outro, de ter outra cara. Os bailinhos e as danças de pandeiro da Terceira praticam
a indispensável sátira social e política. Pondo o dedo nas feridas colectivas,
caricaturando tudo. Fazendo com que as pessoas riam da vida, e de todas as
coisas, mesmo das mais sérias. Na Terceira, os salões por estes dias são um saudável
espaço de comunhão, de matriz inegavelmente democrática. Onde se juntam pessoas
de todas as idades para não perder pitada do enredo. No palco actuarão mais de 2.000
pessoas, que se transfiguram, perante os olhos deliciados da plateia, em
exímios actores, esforçados puxadores, afinados tocadores de viola, e ágeis bailarinos.
Todos comungam deste bem supremo que é o riso. E há até quem chore de tanto rir.
Por uns dias alheados dos problemas, das angústias, da dureza que a vida lhes
dá e o Carnaval suaviza, no calor dum salão cheio, entre uma dentada numa
bifana bem temperada e a gargalhada alada que insiste em fazer doer o maxilar.
Saber rir de si mesmo é uma virtude. Disponível aos poucos que nunca se levam
demasiado a sério. E que uma boa gargalhada faz mais por nós do que um frasco
de calmantes. A euforia destes dias há-de ser capaz de nos dar o que a rotina
insiste em roubar. </span><span style="font-family: "Arial",sans-serif;"><o:p></o:p></span></div>
Cláudia Cardosohttp://www.blogger.com/profile/07550764046327125650noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-3098270966104885607.post-6754013394430064852015-02-12T03:36:00.000-08:002015-02-12T03:36:27.901-08:00A solidariedade<div style="line-height: 150%; text-align: justify;">
<span style="font-family: "Calibri",sans-serif; font-size: 14.0pt; line-height: 150%; mso-ascii-theme-font: minor-latin; mso-hansi-theme-font: minor-latin;">Foram recentemente aprovadas as medidas
previstas no plano de revitalização económica da ilha Terceira. Curiosamente as
reações não tardaram. Reclamando planos semelhantes e chamando a atenção para
os perigos desta decisão. Revelando uma atitude condenável face ao problema que
os Açores têm em mãos. A presença norte-americana nas Lajes permitiu a injeção
de verbas no orçamento regional que, naturalmente, não reverteram apenas para uma
ilha. A redução drástica desta presença é um verdadeiro sismo económico e
social. Que corresponde a 500 postos de trabalho diretos, e ao seu triplo em
indiretos. Soam os alarmes na ilha, mas manda a solidariedade que soem nos
Açores. As reações estapafúrdias a que temos assistido minam os princípios
fundacionais da autonomia. Fazem das ilhas não apenas um território disperso,
mas desunido. Fazem perigar o princípio da solidariedade entre açorianos, a
garantia de que quando uma das ilhas estivesse em causa estariam as restantes. Estremece
a autonomia. Primeiro foi o conselho de ilha do Faial a reclamar o seu quinhão,
esquecido que está da recente solidariedade das demais ilhas quando o investimento
para a reconstrução de 1998 disparou. A que rapidamente se somou o conselho de
ilha da Graciosa e os empresários de S. Miguel. Assustados com o facto do
governo de todos os açorianos pôr em prática os princípios autonómicos que a
todos sustentam. E ainda estamos apenas a falar da antecipação de investimentos
regionais, da majoração de apoios, como até já acontece para as ilhas da
coesão, e do estímulo à economia da ilha que permita mitigar os efeitos da
redução. Estas reações são graves, porque oficializam um discurso de guerrilha
entre as ilhas. Anti-autonomista, portanto. Que a pode vir a comprometer. Como
podem reclamar da falta de solidariedade nacional, se entre os açorianos ela
está assustadoramente muito próxima do zero?<o:p></o:p></span></div>
Cláudia Cardosohttp://www.blogger.com/profile/07550764046327125650noreply@blogger.com0